sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Fase 02. Encontro

Naquela noite fria, com o vento passando por ele, apenas à luz da Lua cheia, por um breve instante passam por sua cabeça diversos flashes e lembranças sobre sua vida, sua infância e sobre o quê o futuro estaria lhe reservando...

Ele fecha os olhos. Naquele instante, ele não escutara mais nada...

Enquanto cai e devaneia, mergulhado em seus pensamentos, volta repentinamente à realidade, abrindo lentamente seus olhos, olhando para cima, para o céu, e abrindo-os bem, vê o Mobile Suit branco reluzindo à luz da Lua e vindo em sua direção...






Estamos a pouco mais de 1.000 metros de altitude.

Subitamente disparos começam a vir de trás da unidade branca, efetuados pela unidade negra que ainda resta, logo acima de ambos.

“Está vindo...” diz o jovem ainda com os olhos bem abertos para a unidade com um símbolo em forma de “V” na cabeça.

A unidade branca desacelera tentando igualar sua velocidade de queda com a do jovem e estica seu braço esquerdo, colocando sua mão por trás e pegando o jovem, antes que os dois alcançassem o chão, a pouco mais de 300 metros de altitude. Acelerando novamente e mudando sua direção, a unidade dá um rasante sobre a copa das árvores, fazendo-as balançarem bastante.

O MS negro continua a disparar contra ambos tiros mais potentes e intensos, atingindo a unidade branca e as árvores mais abaixo com disparos sequenciais.

“Mas que droga!...”, diz o jovem contraindo seu corpo e tentando se proteger na mão do Mobile Suit branco, tenso com os barulhos e faíscas que saltavam das costas da unidade que estava sendo atingida pelos disparos.

De repente, para espanto do mesmo, abre-se uma escotilha no torso da unidade, aproximando a mão em que o jovem estava da mesma. Não gastando mais de dois segundos para pensar, em meio ao forte vento e turbulência causada pelo choque dos disparos, o jovem entra para se proteger pelo acesso á sua frente.

A cada novo passo dado, a curiosidade o consome por dentro, podendo ver cada vez mais pequenas luzes no interior da unidade. Ele finalmente entra e a escotilha se fecha. Todo o seu redor acende. Ele está dentro do Cockpit (cabine) da unidade. Tudo externamente pode ser visualizado, em 360 graus e, no centro, uma pessoa em um assento, pilotando a unidade.

“Quem... Quem é você?... O que está acontecendo?...”, exclama o jovem ainda surpreso com tudo o que encontrara. Enquanto pergunta, ele percebe uma mancha vermelha na roupa branca no corpo do homem que está sentado na cadeira de controle, do lado direito do abdômen.

“Você está ferido...”, fala novamente por impulso com baixa voz o jovem para a pessoa que está sentada e que mantém sua mão esquerda por sobre a mancha vermelha, levando-a de volta aos controles do lado esquerdo.

“Desculpe garoto, não queria tê-lo envolvido nisso... mas não poderia deixá-lo morrer... Ainda é minha responsabilidade e minha culpa... Apenas minha...”, escuta o jovem as palavras daquela pessoa com roupa branca e ensanguentada que, levantando o visor laranja do capacete olha para o jovem. É um homem, com sobrancelhas escuras e olhos marrons, com aspecto cansado e voz grave e calma.

“É melhor você se segurar...”, fala novamente o piloto. Após dizer isso, ao seu comando, a unidade branca sobe novamente aos céus, com grande aceleração, jogando o jovem surpreso... “Uôooouu... calma aíiiii...” ao chão e rolando dentro da cabine, até que consegue segurar em uma das partes na lateral esquerda do assento do piloto.

À medida que a unidade branca sobe cada vez mais nesse céu escuro, a unidade negra restante, que já havia se livrado de sua machine gun e agora em posse do Rifle que carregava em sua backpack dispara repetidamente contra o mesmo. Mesmo com esses disparos vindo em sua direção, a unidade branca continua elevando sua altitude e indo diretamente de encontro à unidade negra, para desespero do jovem que na cabine se refugiou...

“O que você está fazendo? Vai nos matar!...”, fala em voz alta o rapaz tentando se apoiar. O piloto continua com uma expressão séria e olhos firmes à sua frente. À medida que avança o espaço entre as duas unidades fica menor, reduzindo assim o tempo entre os disparos e consequentemente chances de desviar também. Uma nova sequência de disparos é iniciada!

O primeiro tiro é desferido, mas ele desviou! A unidade branca consegue fazer um giro impressionante e consegue evitar ser atingido! Ele ainda está com o Beam Saber em sua mão direita.

O segundo disparo é feito! Esse tiro passa de raspão na unidade, causando um pouco de turbulência e dano à unidade!

“Você endoidou de vez?! A cada metro que subimos nos tornamos alvos mais fáceis e fica cada vez mais difícil desviar! Esse Mobile Suit está sem escudo!...”, exclama o jovem com preocupação, segurando firme ao lado do assento do piloto enquanto sofre também com os efeitos da força G, e percebendo que cada vez mais parece difícil para aquele piloto realizar as manobras da unidade, com expressões cada vez mais frequentes de dor e desconforto, provavelmente por causa do ferimento escondido por baixo da roupa.

“Calma garoto... Se dependesse apenas de mim, talvez não conseguíssemos, mas não depende... Argh...”, fala o piloto com expressão de sofrimento e emitindo pequenos sons de dor.

Distância de 500 metros! A unidade negra 01 posiciona seu rifle lentamente e com uma posição imóvel, move lentamente seu dedo no gatilho. Seu visor brilha! Ele dispara!

O quarto tiro parece que atingirá em cheio o MS branco! Não há tempo nem espaço para desviar!...

“VAI NOS ACERTAR!...”, exclama o jovem.

O tiro acerta em cheio a unidade!

A fumaça encobre a unidade. O MS negro, observando seu alvo “destruído” baixa lentamente seu rifle aparentando sentir que finalmente aquele confronto houvera encontrado seu fim.

Em meio à fumaça a unidade branca surge voando para cima de seu adversário com seu braço esquerdo cobrindo sua face e muito danificado. (Piloto) “Não seria possível desviar desse ataque há uma distancia tão curta e a essa velocidade, então tivemos que improvisar um escudo...”.

(Jovem) “...Mas não foi só isso... Outras unidades teriam sofrido sérios danos com esse tiro certeiro! Apesar do impacto e algumas avarias, essa unidade continuou firme e manteve sua direção!... O plano também foi rapidamente elaborado e executado, tendo em vista a pouca disponibilidade de armamentos e de energia... Foi uma combinação perfeita de piloto e máquina...”, pensa o jovem observando o piloto e os painéis do assento que indicam que a energia da unidade está chegando ao fim.

Surpreendendo a unidade negra, enquanto seu braço esquerdo danificado move-se para baixo, ele desfere um golpe com o sabre em sua mão direita rapidamente contra o MS negro, que surpreso com o que vira, em súbita reação, consegue se esquivar do feixe de energia, mas o ataque atinge o rifle, partindo-o ao meio e causando pequena explosão, destruindo-o.

As duas unidades estão agora paradas no ar, frente a frente, a branca com seu Beam Saber emitindo uma luminosidade esverdeada e a unidade negra sacando da parte traseira de seu quadril a arma que lhe restara: um Machado (Hawk).

A lua cheia já está mais alta, clareando o pouco que consegue tocar da noite: As duas unidades e algumas nuvens.

A unidade negra parte para o ataque! Aumentando subitamente sua velocidade, desfere golpes com seu machado, fazendo com que seu adversário mantenha uma posição defensiva. Os dois travam um duelo no ar e suas armas ficam uma contra a outra, emitindo feixes de luz!

(Jovem) “Essa unidade é incrível, mas com o nível de energ...” (Piloto) “Isso não é bom... Nossa energia está no limite... Não vamos aguentar muito mais...” O jovem olhando para o monitor exclama: “Não desista ainda, você vai conseguir!...” E com um breve sorriso no rosto o piloto fala: “Humf... É claro garoto, não vou... me entregar ainda... mas obrigado... pelas palavras...”, fala assumindo posição de dor em seu abdômen.

As duas unidades se repulsam e assumem cada um sua postura de ataque/defesa. Elas se encontram imóveis, cada uma segurando sua respectiva arma, esperando o momento certo para agir. Este parece ser o momento decisivo para este combate.

A unidade negra coloca suas duas mãos em seu machado. Isso proporcionará mais força ainda ao dano que seu ataque causará. Parece que ele pretende terminar este duelo de uma forma ou de outra.

”Ele vai colocar tudo no próximo movimento... mas eu não vou conseguir fazer o mesmo... não nesse estado...” sussurra com preocupação o piloto do MS branco, referindo-se ao seu próprio ferimento.

“Obviamente a perda do braço esquerdo dessa unidade está deixando nosso adversário mais confiante... Ele está segurando a arma com as duas mãos, então dará tudo no próximo ataque sem se preocupar com a sua defesa... Será mesmo?...” fala o jovem, com os olhos fixados em seu oponente.

O piloto da unidade coloca novamente sua mão esquerda sobre sua ferida: “... Humf... vai ser mais difícil (pra mim) dessa vez...”, fala o piloto fechando um dos olhos com expressão de dor.

“... Então vamos fazer isso juntos!... Nós três!...”, fala com voz imposta e colocando sua mão esquerda sobre os controles do lado esquerdo, percebendo a dificuldade do piloto em manusear melhor esses controles com o seu braço sempre cobrindo o ferimento. O jovem de pé, mantém sua mão direita segurando firme na lateral do assento.

O piloto olha com surpresa para o jovem... Ele fica atônito com a atitude e ação do jovem de achar que pode ajudar nesse combate e insinuando que poderia pilotar este Mobile Suit. “Você está...”, pausa o seu comentário, dá outro breve sorriso e fixando os olhos á frente põe sua mão esquerda sobre a mão do jovem.

“... Qual o seu nome garoto?...”, fala o piloto. O jovem desvia seu olhar para o homem sentado e responde:“Meu nome Lian...”, voltando seu olhar para os monitores à sua frente.

(Piloto) “Então vamos... Lian!”.

O visor do MS negro acende! Ele acelera o máximo que consegue àquela distância, com as duas mãos no machado e o empunhando do lado direito, com seu torso girado ainda mais para a direita e inclinando seu ombro esquerdo à frente. Ele realmente parece estar concentrando todas as suas expectativas naquele ataque!

(Piloto) “Ele deve tentar nos atacar pelo lado esquerdo, já que é o nosso ponto fraco... É a melhor chance dele!... Ou ele pretende nos enganar mudando seu ataque no último instante?!...”.

A unidade branca aguarda seu inimigo, com o braço esquerdo para baixo, espada empunhada ao centro na vertical com a mão direita, imóvel no ar, aguardando talvez sua única oportunidade.

[Golpe desferido!]

A unidade negra desfere seu mais forte ataque, com as duas mãos no heat hawk em um movimento impulsionado ainda mais com o giro do torso... Ele realmente atacou o lado mais desprotegido da unidade branca... Com o sabre posicionado na vertical ao centro foi possível assumir uma posição defensiva, mas por causa do braço esquerdo inutilizado a defesa não foi plenamente eficaz, danificando ainda o braço esquerdo e parte do torso da unidade branca.

Os dois pilotos dentro da unidade branca recebem o ataque de seu adversário: (Lian) “Que ataque poderoso... Hurr...” (Piloto) “... Se concentre... esse ainda não foi seu golpe definitivo!...”, diz o piloto da unidade branca com voz forçada segurando os controles. (Lian) “...Ele sabe que esse é o nosso ponto fraco no momento, e concluiu que seria capaz de atingir-nos mortalmente com esse ataque, mas não estava preparado para a resistência dessa unidade...”.

“Está errado garoto... Esse cara provavelmente sabe exatamente do que essa unidade é capaz... Acho que na verdade ele está é testando suas próprias habilidades... é bem do feitio dele...” fala o piloto. “... E por falar em habilidade, quem é esse garoto?... Ele conhece Mobile Suits... De onde você saiu garoto?...”, pensa o piloto entreolhando o inimigo à sua frente e o jovem ao seu lado. E antes que pudessem planejar um contra-ataque, o MS negro desfere uma segunda investida.

Em poucos segundos do primeiro ataque desferido, a unidade negra gira seu corpo para o lado direito em 360 graus desferindo um novo golpe com o machado impulsionado mais uma vez pela força do movimento. Um ataque muito próximo, surpreendente e... indefensável?

Desta vez o movimento do ataque direciona-se à cabeça da unidade... (Lian) “Não vou deixar!...” e em uma rápida reação e combinação de comandos com o piloto... (Piloto) “Agora!”. A unidade branca consegue um pequeno espaço entre os dois MS e chuta seu adversário, fazendo com que o machado não atinja criticamente a unidade branca, causando ainda pequeno arranhão e dano em sua face direita e torso.

Em um curto espaço para resposta a unidade branca move sua espada, partindo o braço direito do MS negro, fazendo-o perder seu machado que cai com seu antebraço. Sem hesitar, a unidade negra ainda frente a frente com seu oponente, avança sobre a mesma socando sua face com a mão que lhe restara, agarrando-a e apertando-a enquanto aumenta a força de seus thrusters.

Luzes no cockpit acendem: (Lian) “Droga, está tudo vermelho!... Energia no limite (indica o monitor)!...”(Piloto) “Se continuarmos atacando... talvez não tenhamos energia... para chegar ao solo... Se não o atacarmos... ele irá... nos destruir...” (Lian) “Se não tentarmos, não saberemos, não é?...” ”...Hum ... É isso mesmo... garoto... Você... está certo...” fala com um breve sorriso o piloto.

Observando o Beam Saber em posse da unidade branca, a unidade negra agarra o punho de seu oponente na tentativa de inutilizar sua arma. O sabre é ativado novamente, mas este é derrubado.

Com a energia da unidade no limite e as emoções à flor da pele, mesmo estando segurado por seu adversário, os olhos do MS branco acendem novamente e levantando seu braço direito e agarrando o do seu adversário, destroça-o com a mão...

Partindo o braço de seu oponente, o MS branco enfia brutalmente a mão na cabeça da Unidade negra... rasgando as placas de metal que encontra no caminho, bem como de sua própria mão... agarrando o visor da unidade e arrancando-o, de cima para baixo, com peças da cabeça e demais do torso da unidade negra...

[A energia chega ao fim]

Ambos Mobile Suits estão no ar, quando seus thrusters param de funcionar. As unidades se soltam e começam a cair separadamente. A unidade negra começa a liberar fumaça e pequenas explosões, quando de repente abre-se uma escotilha em seu torso e vê-se saindo o piloto da unidade e, saltando da mesma, brevemente olha para a unidade inimiga e logo em seguida libera seu paraquedas.

A unidade branca está a cair.

“...E agora?!, o que vamos fazer?!...”, exclama Lian enquanto olha para o piloto, que está com os olhos fechados e cabeça baixa. “... Acorde! Não desista ainda!... Nós vamos conseguir, mas preciso que você fique alerta!...” O piloto então levanta seu olho direito em direção ao rapaz e dá um breve sorriso: “... Garoto... Lian... obrigado...”. Ele fecha os olhos novamente.

“Se... re... na...” sussurra o piloto. “O quê? O que você disse?...” exclama Lian.

Energia no zero. Céu noturno. A unidade está imóvel. A luz da lua continua a clarear a noite. Eles estão caindo. Estão indo de encontro ao chão. O jovem se vê novamente...

...em queda livre.


<Phase 01. Quéda Livre                                                                                                     Phase 03. ...>

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